Trabalho com GIMP

Trabalho com GIMP

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Propostas para melhorar nossa educação a distância
José Manuel Moran
Diretor de Educação a Distância da Universidade Anhanguera-Uniderp
Especialista em mudanças na educação presencial e a distância

A educação a distância está se transformando, de uma modalidade complementar ou especial para situações específicas, em referência para uma mudança profunda na educação como um todo. É uma opção importante para aprender ao longo da vida, para a formação continuada, para aceleração profissional, para conciliar estudo e trabalho.

Ainda há resistências e preconceitos e ainda estamos aprendendo a gerenciar processos complexos de EAD, mas aumenta a percepção de que um país do tamanho do Brasil só pode conseguir superar sua defasagem educacional através do uso intensivo de tecnologias em rede, da flexibilização dos tempos e espaços de aprendizagem, da gestão integrada de modelos presenciais e digitais.

A educação a distância está modificando todas as formas de ensino e aprendizagem, inclusive as presenciais, que utilizarão cada vez mais metodologias semi-presenciais, flexibilizando a necessidade de presença física, reorganizando os espaços e tempos, as mídias, as linguagens e os processos. EAD tem significados muito variados, que respondem a concepções e necessidades distintas. Denominamos EAD à educação continuada, ao treinamento em serviço, à formação supletiva, à formação profissional, à qualificação docente, à especialização acadêmica, à complementação dos cursos presenciais.

A EAD é cada vez mais complexa, porque está crescendo em todos os campos, com modelos diferentes, rápida evolução das redes, mobilidade tecnológica, pela abrangência dos sistemas de comunicação digitais. Existem modelos bem diferentes que respondem a concepções pedagógicas e organizacionais distintas. Temos desde modelos auto-instrucionais a modelos colaborativos; modelos focados no professor (teleaula), no conteúdo, a outros centrados em atividades e projetos. Temos modelos para poucos alunos e modelos de massa para dezenas de milhares de alunos. Temos cursos com grande interação com o professor e outros com baixa interação. E não é fácil pensar em propostas que atendam a todas estas situações tão diferentes.
Há um crescimento gigantesco dos cursos por satélite com teleaulas ao vivo e um tutor ou monitor presencial por sala, em pólos, mais apoio da Internet e de tutoria online. Essas instituições estão crescendo rapidamente chegando a dezenas de milhares de alunos rapidamente. É um modelo que mantém a figura do professor e a flexibilidade da auto-aprendizagem. Há cursos que combinam material impresso, CD/DVD e Internet. Há cursos para poucos e muitos alunos; cursos com menos ou mais encontros presenciais.

Podemos avançar muito na personalização das propostas, mais abertas, com forte aprendizagem colaborativa, em redes flexíveis e respeito ao caminho de cada um. Na EAD o aluno poderia ter seu orientador, como acontece na pós-graduação. Esse orientador seria o principal interlocutor responsável pelo percurso do aluno, com ele definiria as disciplinas mais adequadas, as atividades mais pertinentes, os projetos mais relevantes. Teremos cursos mais síncronos e outros mais assíncronos, alguns com muita interação e outros com roteiros predeterminados, uns com mais momentos presenciais enquanto que outros acontecem na WEB. Essa flexibilidade de processos e modelos é fundamental para avançar mais, para adequar-nos às inúmeras possibilidades e necessidades de formação contínua de todos.

Diante da dificuldade muitos alunos em adaptar-se ao processo de aprendizagem a distância, vale a pena pensar em propostas que implantem a metodologia da EAD de forma mais progressiva. Cursos a distância com alunos com maiores dificuldades (em média) de autonomia - ex: EJA, cursos técnicos, tecnológicos, graduação de cursos com alunos com pouca fluência de leitura, escrita e pouca independência pessoal - poderiam ter um processo de entrada mais suave na EAD. Começar com uma ambientação tecno-pedagógica para a EAD mais forte, feita presencialmente em parte, em laboratórios, com bastante mediação tutorial.

O primeiro ano desses cursos teria uma carga horária presencial maior do que a habitual, haveria mais encontros presenciais, mais tutoria local, mais aulas ao vivo junto com as demais atividades online, só que em quantidade menor, nesse primeiro ano.
Com esse ano de transição entre o modelo presencial e o a distância, o aluno estaria melhor preparado para enfrentar os desafios de caminhar para uma maior autonomia, para poder gerenciar melhor o seu tempo, para trabalhar mais virtualmente. Assim, a partir do segundo ano, aumentaria a virtualização do curso, com menos encontros e tutoria presenciais e mais orientação e atividades pela WEB.

No primeiro ano, as aulas seriam mais informativas, ao vivo ou por videoaulas fáceis, com histórias, representações, entrevistas. As atividades poderiam ser feitas em pequenos grupos presencial e virtualmente, para aprender juntos, dar-se apoio, manter vínculos, não desistir. Progressivamente haveria mais leituras, atividades mais complexas individuais e em grupo, pela WEB.

Cursos de formação de professores, que hoje utilizam mais a WEB, poderiam incorporar videoaulas ou teleaulas interessantes e motivadoras, como elementos enriquecedores da experiência de aprender online. Os cursos que se baseiam em textos na web, mesmo que bem produzidos e em tom dialógico, exigem um salto cultural grande demais, num primeiro momento, para alunos vindo de escolas pouco exigentes e que não desenvolveram o hábito da pesquisa contínua e produção autônoma.

É interessante a organização de aulas produzidas de forma mais inteligente e econômica, principalmente na formação de professores. As universidades públicas, através da gestão da UAB – Universidade Aberta do Brasil – poderiam criar materiais, principalmente os audiovisuais, de forma integrada, gastando menos recursos na produção e concentrado-os mais na tutoria e na adaptação à realidade regional. Universidades com mais competência reconhecida em algumas áreas fariam essas produções de videoaulas e do material de apoio básico (livros...) que serviriam de base para os cursos semelhantes de outras instituições e que poderiam ter algumas adaptações regionais, aproveitando a maior parte da produção já feita.

Em EAD não precisamos todos fazer tudo. A especialização pode baratear enormemente os custos, sem diminuir a qualidade. Esses materiais poderiam estar disponíveis no portal do Ministério para todas as instituições públicas e privadas. O dinheiro de educação é pago com os nossos impostos e se um material pode ser útil para muitos, por que não disponibilizá-lo? A educação a distância não é só conteúdo pronto, mas conhecimento construído a partir de leituras, discussões, vivências, práticas, orientações, atividades. Disponibilizaríamos os materiais básicos e cada instituição os adaptaria ao seu projeto pedagógico. Por que todos temos que fazer os mesmos materiais sempre de forma isolada, principalmente na formação de professores?

Nos cursos presenciais poderíamos também flexibilizar a relação presencial-digital de forma progressiva. No primeiro ano, as atividades aconteceriam mais na sala de aula. Haveria uma ênfase maior na aprendizagem do uso das tecnologias digitais feito no laboratório até o aluno ter o domínio do virtual e poder fazê-lo a distância. Algumas disciplinas teriam no máximo, nesse primeiro ano, vinte por cento de atividades a distância. Do segundo ano em diante, a porcentagem de EAD poderia aumentar até chegar a metade em sala de aula e metade a distância (sem ultrapassar a carga total de vinte por cento a distância, enquanto não mudar a legislação vigente).
Nos modelos WEB é importante utilizar mais a videoaula, a teleaula, a web-conferência e o uso também de tecnologias móveis.

Nos modelos teleaula convém ter menos aulas expositivas e melhorar a produção, combinada com atividades significativas em sala e na WEB. Nestes modelos precisamos aproveitar melhor os recursos da WEB e as tecnologias móveis.
Caminhamos rapidamente para poder aprender em qualquer lugar, a qualquer hora e de muitas formas diferentes. Aprender quando for conveniente, com ou sem momentos presenciais, mas sempre com a possibilidade de estarmos juntos, de aprender colaborativamente e de construir roteiros pessoais. Com a riqueza de mídias, tecnologias e linguagens, podemos integrar conteúdo, interação, produção tanto individual como grupal do modo mais conveniente para cada aluno e para todos os participantes.
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Texto baseado em Modelos e avaliação do ensino superior a distância no Brasil, da minha autoria e publicado na Revista ETD – Educação Temática Digital da Unicamp, Vol. 10, Nº 2, 2009.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Universidade de Brasília UAB-UNB
Curso: Pedagogia
Disciplina: Educação a distância
Professora: Elizabeth Danziato Rego
Tutoria: Adriana de oliveira
Aluna: Edilene Ribeiro da Silva de Jesus

Tecnologias na Educação e
As possíveis interações pedagógicas
Para mim, são muitas as interações pedagógicas, por meio de chats, blog, fóruns, Webconferências, vídeos, como aluna, posso dizer que a interação pedagógica acontece através meios utilizados que gera um processo de aprendizagem diversificado e cheio de qualidade, que integra o aluno horas a um meio coletivo, horas com propostas individuais, esta facilidade de disponibilizar textos e vídeos sobre o mesmo assunto facilita a compreensão e maior domínio do conteúdo.
Ao ler os textos foi me identificando com o que acabo de citar, pois a aprendizagem do aluno é acompanhada, como disse Moran a tecnologia na educação possibilita vantagens para cada aluno progredir individualmente e coletivamente, Moran retrata em seu texto que a riqueza de propostas pedagógicas, são inúmeras, como fóruns, chats, e com o passar do tempo vai se inovando novas propostas ,esta aprendizagem tem o aluno em foco.
Achei interessante a visão da autora Iolanda, que revela que por traz destas interações pedagógicas o rel interesse é formar leitores críticos, participativos, por isto as mediações através das novas tecnologias são muito importante como incentivo ao aluno e como matéria de apoio, hoje são chamadas de tecnologia de comunicação e tem acontecido com sucesso. A educação online oferece um suporte na construção do conhecimento que o presencial não oferece.
Do inicio deste curso até hoje, posso dizer que houve muitas inovações, porque quando iniciamos o nosso espaço maior era os fóruns, e aos poucos foram acrescentando nas disciplinas, os chats, trabalhos que envolviam slides e assim por diante, na minha visão estas interações pedagógicas vão ampliando e inovando, o trabalho pedagógico não fica defasado ou antigo.

Referências bibliográficas:
Moran, José Emanuel. Tendencias da Educação Online no Brasil

Cortelazzo, Iolanda B. C. - Pedagogia e as novas tecnologias

sábado, 7 de maio de 2011

Educação à Distância
Por Thais Pacievitch

Ao contrário do que pode parecer, a educação a distância não é uma modalidade historicamente recente.
O primeiro registro desse tipo de ensino data de 1833, na Suécia. No Brasil, a educação a distancia foi oferecida por instituições privadas internacionais em 1904.
Os principais países que utilizam essa modalidade de educação são França, Espanha e Inglaterra.
As principais características da Educação a distancia no Brasil são:
- Alunos e professores não ocupam o mesmo ambiente/espaço físico e tempo.
- Comunicam-se de várias formas, através de materiais impressos, e de recursos tecnológicos como a internet, os vídeos e as vídeo conferências. Fazem uso das chamadas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs)
- O aluno é o maior responsável pela aprendizagem.
A educação a distância pode ser feita nos mesmos níveis que o ensino regular. No ensino fundamental, médio, superior e na pós-graduação.
Além do ensino fundamental e médio, os cursos oferecidos podem ser também de ensino técnico nível médio ou de educação superior a distancia.
O governo federal, através do MEC é o responsável por autorizar a abertura de cursos de Educação a Distancia. É nesse momento, sobretudo, que a qualidade da proposta é avaliada.
O Ensino a distancia tem um vasto campo a explorar, porém, as metodologias utilizadas ainda estão em processo de teste, e ainda não há uma maneira de diferenciar o elemento principal da educação: o aluno, que nessa modalidade de educação não tem o seu contexto considerado. Mesmo por que, a filosofia do ensino a distancia é o construtivismo.
Ainda hoje, portanto, o ensino presencial é mais amplo e confiável. Mas observa-se que as facilidades da educação a distancia a farão ganhar cada vez mais espaço, sobretudo se aumentar a qualidade dos cursos.
Sendo assim, um ensino à Distância eficiente requer uma preparação extensiva, assim como uma adaptação de estratégias e de métodos ao novo ambiente virtual de aprendizagem.
Fonte de extração: http://www.infoescola.com/educacao/educacao-a-distancia/
Como começou a educação a Distancia no Brasil

Texto da LDB


A LDB, Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, mais conhecida como Lei Darcy Ribeiro ou LDB, dispôs sobre a educação a distância em oito dispositivos, sendo um artigo, quatro parágrafos e três incisos, regulando a matéria da seguinte forma:
"Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada.
§ 1° A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por instituições, especificamente credenciadas pela União.
§ 2° A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diploma relativos a cursos de educação a distância.
§ 3° As normas para produção, controle e avaliação de programas de educação a distância e a autorização para sua implementação caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas.
§ 4° A educação a distância gozará de tratamento diferenciado que incluirá:
I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens;
II - concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas;
III - reserva de tempo mínimo, sem anus para o Poder Público, pelos concessionários de canais comerciais. "

LIBERDADE E INCENTIVO EM TODOS OS NÍVEIS E MODALIDADES
O art. 80 da LDB trata da educação a distância, determinando, inicialmente, que o Poder Público deverá incentivar, em todos os níveis e modalidades de ensino e de educação continuada, o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância.
Com esse art. 80, a educação a distância adquiriu sua carta de alforria. Ele, além de a tornar livre em todos os níveis e modalidades, tanto de ensino quanto de educação, ordenou ao Poder Público que a incentivasse e não que a limitasse com toda a sua burocracia credencialista.

CONCEITUAÇÃO E PRINCÍPIOS
Podemos conceiturar a educação a distância como sendo a forma de educação que se baseia na crença no Homem e em suas potencialidades, como sujeito ativo de sua própria aprendizagem. Parte, esta modalidade de ensino, do princípio de que o ser humano, independentemente de escolas ou de professores, pode se autodesenvolver, o que é mais do que comprovado pelo imenso número de autodidatas que tantos benefícios já proporcionaram à sociedade.

CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS
A característica principal da educação a distância é, pois, basear-se no estudo ativo, independente e construtivista, que pode dispensar preleções, professores e locais específicos para aulas, ao mesmo tempo em que possibilita aos educandos a escolha dos horários, a duração e os locais de estudo. Outra característica, decorrente dessa primeira, é a utilização de materiais didáticos especiais de auto-instrução para a veiculação dos cursos. Desta forma, portanto, a educação a distância pode não só reduzir a exigência de freqüência do aluno na escola, como até mesmo dispensá-lo de presença.

INÍCIO: POR CORRESPONDÊNCIA
Este tipo de educação teve seu começo com os chamados cursos por correspondência e, a seguir, aperfeiçoou-se com instruções programadas, baseadas na teoria behaviorista de SKINNER e na forma de material didático avulso, de cartilhas, de módulos, de manuais e de livros, que continham todo o conteúdo básico, para a formação do aluno em determinada área.
Com o início da radiodifusão, começou também a utilização do rádio com finalidades educativas.

ETAPAS DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL
Primeira etapa
Na evolução da educação a distância no mundo, o Brasil aparece como o sexto país a desenvolver atividades e a criar instituições de EAD. Os primeiros foram Suécia (1833), Inglaterra (1840), Rússia (1850), Alemanha (1856) e USA (1874).
A educação a distância, no Brasil, começou em 1904, quando as Escolas Internacionais (representação de uma organização norte-americana) lançaram alguns cursos por correspondência.
Os programas radiofônicos educativos começaram em 1923 quando foi fundada a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, por Roquette Pinto, o qual, em 1936, doou-a ao MEC, que continuou dando-lhe funções educativas e criou a Fundação Roquette Pinto, a qual existe até hoje e tem prestado excelentes serviços ao próprio Ministério da Educação e do Desporto.
Dos cursos profissionalizantes por correspondência que se desenvolveram no Brasil e tiveram continuidade, o primeiro começou a ser ministrado em 1939, pelo Instituto Rádio Técnico Monitor, sediado na cidade de São Paulo. Pouco tempo após o lançamento de seu primeiro curso (Preparatório para Oficiais da Marinha), esse instituto transformou-se na maior escola latino-americana de ensino por correspondência (Ver ilustração de uma página de publicidade deste instituto que era divulgada em revistas e gibis da época).
Ainda nesta primeira etapa de desenvolvimento da educação a distância, no Brasil, surge, na cidade de São Paulo, em 1941, o Instituto Universal Brasileiro, que já treinou cerca de três milhões e duzentas mil pessoas, transformando-se, hoje, na maior escola do gênero no País, com aproximadamente duzentos mil alunos matriculados.

Segunda etapa
Em uma segunda etapa, a educação a distância, no Brasil, passou a utilizar mais os programas radiofônicos, com o lançamento, em 1941, do Programa Universidade do Ar, da Rádio Nacional, destinado ao treinamento de professores leigos. Apesar do pequeno resultado prático desta experiência precursora, serviu ela para demonstrar que o rádio poderia ser importante instrumento de educação a distância.
Em 1947, o SESC e o SENAC fizeram sua primeira experiência de treinamento a distância, para comerciários, com a sua transmissão em rede por doze emissoras de rádio.
O Ministério da Educação, em 1957, decidiu lançar o seu próprio programa educativo pelo rádio, criando o SIRENA ou Sistema Rádio Educativo Nacional, que poucos resultados positivos obteve pela própria falta de interesse do Governo em apoiar o aperfeiçoamento de seu pessoal e a melhoria da qualidade, o que prejudicou o seu desenvolvimento.
A Arquidiocese de Natal, no Rio Grande do Norte, associada ao Serviço de Assistência Rural, lançou, em 1958, um sistema de radiodifusão, cujo sucesso inspirou, três anos depois, a criação do MEB.
O mais importante trabalho de educação a distância para a alfabetização de adultos teve início em 1961 e ocorreu no Nordeste, através do Movimento de Educação de Base-MEB, que era mantido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, da Igreja Católica Apostólica Romana. Essa experiência teve bons frutos, mas grande parte dos resultados do trabalho de alfabetização se perdeu pela falta de continuidade do programa. Além disso, sua cartilha impressa foi considerada pelos governos militares, a partir de 1964, como uma tentativa de subversão da ordem e todo o material pronto foi apreendido. Este fato, aliado tanto à falta de recursos para se dar continuidade ao trabalho após a primeira etapa de alfabetização, quanto ao desinteresse do MEC e das Secretarias Estaduais de Educação em apoiar a iniciativa da CNBB, prejudicou o desenvolvimento do MEB.
Com o desenvolvimento da televisão, houve a criação, em 1961, de um curso para alfabetização de adultos, ministrado pela Fundação João Batista do Amaral e divulgado pela TV Rio até 1965, mas com pequena repercussão. Em 1962, com a colaboração da Missão Norte-Americana de Cooperação Técnica, essa Fundação lançou, também pela TV Rio e, depois, por outras redes de televisão, um importante programa, o qual era destinado ao aperfeiçoamento de professores primários. É também em 1962 que Gilson Amado lança a idéia de uma Universidade de Cultura Popular, que começou a se concretizar em 1966, transmitindo, pela TV Continental, o curso Artigo 99. Logo, outras emissoras de televisão aderiram ao programa e seu sucesso foi decisivo para uma maior participação dos Governos Federal e Estaduais, a partir de 1967.
Em 1967, cria-se, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, com a Lei n° 5.198, a Fundação Centro Brasileiro de Televisão Educativa. Em 1968, a Fundação Padre Landell de Moura-FEPLAM dá início, no Rio Grande do Sul, a uma série de cursos profissionalizantes e de madureza pela TV e pelo rádio; neste mesmo ano, é inaugurada a TV Universitária do Recife, em Pernambuco.

Terceira etapa
A terceira etapa começou com a criação e implantação, em 1969, do primeiro sistema de televisão escolar do Brasil, no Estado do Maranhão, que foi uma feliz iniciativa da administração do então Governador José Sarney, motivada pela inexistência de uma rede de ensino público que atendesse da 5ª a 8ª série do ensino fundamental e pela falta de professores qualificados. Organizada inicialmente como uma fundação, a Fundação Maranhense de Televisão Educativa, primeira TV Educativa do Brasil, graças à sua autonomia, obteve grande sucesso na obtenção de seus objetivos e desenvolveu-se rapidamente até que, em 1981, transformando-se em autarquia, teve seu modelo pedagógico alterado e, a partir de 1984, passou ela a ser um mero apêndice da Secretaria Estadual de Educação. Essa experiência, que foi bem sucedida por mais de uma década e que forneceu excelentes ensinamentos, para a evolução da educação a distância no País, serviu de exemplo para a implantação das TVs educativas do Ceará (em 1974, com cursos para o ensino médio, denominado então como de 2° grau) e de Pernambuco. A TV Educativa de Pernambuco teve seu início com apoio do Governo Japonês e com vocação para se transformar logo em um centro regional de produção de programas, mas seu sucesso foi bastante limitado porque, naquela época, as transmissões se davam via microondas e não por satélites e, além disso, as TV Educativas dos demais Estados não possuíam equipamentos compatíveis. Mais tarde, a Televisão Educativa do Maranhão, em 1986, foi absorvida pela FUNTEVE e passou a se denominar Centro de Televisão Educativa do Nordeste.
O Decreto n° 65.239, de 1969, criou o Sistema Avançado de Tecnologias Educacionais-SATE, em âmbito federal. Logo em seguida, o Governo brasileiro desenvolveu, com uma equipe de alto nível do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais-INPE, o Projeto SACI (Sistema Avançado de Comunicações Interdisciplinares), objetivando o uso de satélite para a divulgação de programas educativos. Como a Universidade Federal do Rio Grande do Norte já havia obtido a concessão de um canal de televisão, o INPE, ao iniciar, por volta de 1971/1972, os experimentos de transmissão de programas do Projeto SACI, de educação a distância para ensino de 1° grau menor (para as quatro primeiras séries do ensino fundamental), utilizou a TV Universitária. Ao término do Projeto SACI, suas instalações e equipamentos foram transferidos para a TV Universitária do Rio Grande do Norte, que assumiu a direção e a continuidade dos programas. O Sistema de Televisão Educativa do Rio Grande do Norte-SITERN voltou seus programas especialmente para as escolas das zonas rurais, onde a deficiência do ensino regular era maior, e obteve, nas primeiras fases de seu desenvolvimento, resultados bastante positivos para o desenvolvimento do ensino fundamental no Estado.
Ainda nessa terceira etapa da educação a distância, no Brasil, voltou-se ela para a formação supletiva nos níveis do ensino fundamental e médio (1° e 2° graus), com o chamado Projeto Minerva, criado em 1970, que logo incorporou a televisão para a divulgação dos programas educativos.
O sucesso inicial do Projeto Minerva teve influência decisiva para que, em 1971, fosse incluído, na Lei n° 5.692, em seu art. 25, um parágrafo (o 2°) prevendo que os cursos supletivos poderiam ser ministrados, tanto em classe, como mediante a utilização de rádio e televisão e outros meios de comunicação, que permitissem alcançar um maior número de alunos. Consolida-se, assim, na legislação brasileira, pela primeira vez, a educação a distância, como sendo aquela que se realiza mediante uso de meios de comunicação e com freqüência livre, diferente, pois, da educação presencial. É, pois, na década de 70 que começa a haver, nos meios oficiais e particulares, certa compreensão e aceitação da educação a distância.
Todas as experiências anteriores, apesar de importantes, pois significaram passos decisivos na história da EAD no Brasil, foram muito limitadas. O real desenvolvimento da educação a distância em nosso País só começa a ocorrer em 1969, ainda em sua terceira etapa de evolução, com a inauguração da TV Cultura e da Rádio Cultura, ambas da Fundação Padre Anchieta.
A Fundação Padre Anchieta, em 1978, uniu-se a outra organização da maior importância para a educação a distância, no Brasil: a Fundação Roberto Marinho, ligada à rede Globo de Televisão. Ambas começaram a divulgar o programa Telecurso 2° Grau. A Fundação Anchieta elaborava o material didático e os programas, e a TV Globo os divulgava, tudo em convênio com o Ministério da Educação.
Em relação aos Telecursos, duas portarias do Ministério da Educação e da Cultura e do Ministério das Comunicações, de números 408/70 e 568/80, tiveram grande importância para o seu desenvolvimento. Elas estenderam a veiculação dos programas educativos oficiais de educação a distância (pela televisão e pelo rádio) a todas as emissoras comerciais. Foi esta abertura que permitiu o rápido crescimento do número de alunos e a efetiva divulgação dos Telecursos, os quais, até hoje, prestam inestimável colaboração para a educação de jovens e adultos, facilitando-lhes a terminalidade do ensino fundamental e do ensino médio, por meio de um moderno sistema de multimeios, que utiliza a televisão, o rádio e criativo material didático impresso, além de monitores especialmente treinados.
É importante ressaltar-se também que é desta terceira etapa a criação do Programa Nacional de Teleducação, mais conhecido como PRONTEL, por meio do Decreto n° 70.185, de 1972, com o objetivo de "integrar em âmbito nacional, as atividades didáticas e educativas através do rádio, da televisão e de outros meios, de forma articulada com a Política Nacional de Educação". O PRONTEL desenvolveu suas atividades até 1979, quando foi substituído pela Secretaria de Aplicações Tecnológicas-SEAT, que assumiu suas incumbências, de acordo com o Decreto n° 84.240, de 1979.

Quarta etapa
A quarta fase começou com o projeto-piloto brasileiro para utilização da recepção de imagem via satélite em processos educativos, elaborado por um grupo de trabalho interministerial, e cuja estréia se deu em agosto de 1991, com o nome de Jornal da Educação-Edição do Professor. A participação da Fundação Roquette Pinto, nesta etapa de desenvolvimento da educação a distância no Brasil, foi de capital importância, pois coube a ela, desde a elaboração da proposta pedagógica e do plano de geração dos programas até a avaliação do projeto-piloto, passando pela concepção e produção dos programas televisivos e dos boletins impressos, bem como pela veiculação. O sucesso dessa experiência, envolvendo seis unidades da Federação e cerca de seiscentos cursistas, aconselhou a sua continuidade, a qual se deu, a partir de 1992, com novo nome para o programa: Um Salto para o Futuro.
Esta quarta etapa consolida definitivamente a educação a distância no Brasil, principalmente com a criação do Sistema Nacional de Radiodifusão Educativa-SINRED (Portaria do MEC n° 344, de 9 de agosto de 1993) e do Sistema Nacional de Educação a Distância-SINEAD (Convênio de Cooperação Técnica n° 6, de 1993, assinado pelo Ministério da Educação e do Desporto-MEC, Ministério das Comunicações-MC e Empresa Brasileira de Telecomunicações-EMBRATEL, com a participação do Ministério da Ciência e da Tecnologia, do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras-CRUB, do Conselho de Secretários Estaduais de Educação-CONSED e da UNDIME, pela assinatura do Protocolo de Cooperação Técnica n° 3, de 1993). O Decreto n° 1.237, de 6 de setembro de 1964, consolidou, no âmbito da administração federal, sob a coordenação do MEC, o Sistema Nacional de Educação a Distância.
Caracteriza-se esta etapa pela maior divulgação e aceitação da educação a distância; por um conjunto de experiências novas e isoladas nos sistemas estaduais de educação e em escolas particulares; por uma tentativa de sistematização normativa; por uma maior compatibilização e modernização dos equipamentos de transmissão e de recepção; por uma maior integração das instituições de educação a distância, que começaram a atuar em co-produções e aumentaram o intercâmbio entre elas e com organismos internacionais; por realização de pesquisas e por uma maior participação do MEC, seja diretamente, seja por meio de convênios e de apoios financeiros, em diversos programas como, ultimamente, o Telecurso 2000 (protocolo com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo-FIESP e a Fundação Roberto Marinho), nas escolas da rede federal; como o projeto dos Centros Rurais de Educação a Distância (em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural-SENAR); como a TV Escola e Um Salto para o Futuro, os quais, com o Programa de Apoio Tecnológico à Escola, do Fundo Nacional de Desenvolvimento Educacional-FNDE, para equipar as escolas com televisores videocassetes e antenas parabólicas, estão produzindo programas documentários e treinando milhares de professores por todo o Brasil
Em novembro de 1996, Um Salto para o Futuro já tinha conectados mais de um mil e quinhentos telepostos espalhados por todo o Brasil em um mil e oitenta municípios; e o programa TV Escola já havia credenciado 51.920 escolas, das quais 38.000 já haviam adquirido seus kits e 28.197 já os haviam instalado, segundo informações da Diretoria de Planejamento e Desenvolvimento de Projetos do MEC ( Professora Tânia Maria Maia Magalhães CASTRO).
Um problema já constatado no Programa da TV Escola é que com a descentralização dos recursos para a compra dos equipamentos (o que é positivo), e a obediência às normas de licitação (o que também é positivo), as aquisições estão sendo feitas com base no menor preço, o que nem sempre corresponde a uma boa qualidade dos kits Resultado: a qualidade das gravações, em muitos casos, tem sido péssima, o que impede a utilização, em sala de aula, dos programas gravados pelos professores.

Quinta etapa
A quinta etapa está sendo iniciada agora, com o programa do MEC de equipar todas as escolas públicas brasileiras com mais de cem alunos (cerca de 51.920, segundo o Cadastro de Repasse do FNDE) com computadores e kits multimídia e de ligá-las em rede via satélite, possibilitando, inclusive, ligação com a Internet. No entanto o início do programa está-se dando, em 1997, apenas em pouco mais de oitocentas escolas e cem núcleos de tecnologia educacional, pois o MEC decidiu dar prioridade ao treinamento de multiplicadores técnicos em informática e professores para, só então, equipar as escolas que forem selecionadas pelas Secretarias Estaduais de Educação, tendo como critério os melhores projetos pedagógicos.
Com uma previsão de recursos da ordem de 476 milhões de dólares para o biênio 97/98, o Programa Nacional de Informática na Educação-PROINFO tem como objetivo inicial a formação de mais de trezentos multiplicadores e cerca de seis mil técnicos; a capacitação de vinte e cinco mil professores e a reciclagem de aproximadamente 31.300. Para a montagem dos sistemas de informática está prevista a aquisição de cerca de cem mil hardwares e softwares operacionais para as escolas de ensino fundamental e médio.
Comentando esse programa e o da TV Escola, o Ministro de Estado da Educação, Paulo Renato Souza, destaca que "ao queimar etapas, podemos dar um salto de qualidade que não seria possível com técnicas tradicionais"
Nesta etapa de desenvolvimento da educação a distância, no Brasil, a Secretaria de Desenvolvimento, Inovação e Avaliação Educacional-SEDIAE, do MEC, "tenciona implantar o curso secundário regular a distância, utilizando toda a estrutura que já está sendo viabilizada com a recente liberação de recursos do Governo às escolas públicas estaduais e municipais para a compra de equipamentos necessários para a recepção dos programas educativos da TV Escola. Ainda como parte das inovações tecnológicas previstas para o próximo ano, o MEC pretende implantar a universidade aberta, idéia lançada pelo Ministro Paulo Renato de SOUZA, ainda no início deste ano. A Secretária Maria Helena Guimarães de CASTRO explicou que a universidade aberta funcionaria como o apoio de toda a estrutura do ensino a distância e do Sistema Internet."

POTENCIAL INIMAGINÁVEL DOS NOVOS ACELERADORES PEDAGÓGICOS
Com a evolução dos meios de comunicação de massa, especialmente dos equipamentos e aparelhos eletrônicos, com a disseminação dos computadores de uso pessoal, dos kits multimídia e dos CD-roms e com as supervias de informação de fibra óptica, as chamadas infohighways, a educação a distância adquiriu um potencial ainda inimaginável. A chamada multimídia, com a interatividade e com a realidade virtual que está criando um mundo novo, poderá, em pouco tempo, revolucionar os processos, métodos e técnicas de ensino e de avaliação, que o sonhador e revolucionário Marshall KICLUHAN, na década de 1960, com toda a sua extraordinária visão prospectiva, apenas começou a vislumbrar.
Darcy RIBEIRO, um entusiasta da educação a distância, ressaltava que "os educadores de todo o mundo passaram a contar, nos últimos anos, com aceleradores pedagógicos de eficácia antes impensável. Falo do instrumental audiovisual, televisivo e informático que, em conjunto, configura uma revolução tecnológica. Maior que a representada pela tipografia de Gutemberg e, posteriormente, pela produção industrial de livros acessíveis. Se estas deram os livros à mão cheia que pedia o poeta, a nova oferta nos dá a mesma e até melhor quantidade de saber da forma escrita e ilustrada, falada e sonorizada, visualizada, filmada, televisionada e computadorizada. Tudo isso individualizado para o aproveitamento de cada aluno".

UMA REVOLUÇÃO CULTURAL
Darcy falava com propriedade, pois uma revolução na escrita também está ocorrendo. Quando muitos pensavam que ela seria relegada a um segundo plano, o mundo eletrônico, que o autor William GIBSON chamou de cyberspace (ciberespaço), antes dominado secretamente apenas por técnicos e militares, foi invadido por milhões de pessoas das mais diferentes partes do mundo. Hoje, elas se comunicam, através da Internet, por ícones, signos e sons, inimagináveis há uma década e, o que é mais incrível, também por palavras escritas, levando-as a uma propagação que só é comparável à da época de Gutemberg (surgimento da imprensa). É a revolução cultural da "aldeia global", ligando em rede milhões de computadores e de pessoas, que ninguém sabe até onde pode ir.

A INTERNET
Com efeito, a rede mundial de computadores, chamada Internet, criada em 1964 pelo Pentágono (Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América), graças às experiências do renomado pesquisador da Rand Corporation de nome Paul Baran, como um meio seguro de defesa e de comunicação com suas forças armadas - durante o auge da guerra fria entre os países ocidentais e os comunistas, bem no período de ameaça constante de uma guerra nuclear capaz de tornar inoperantes todos os vulneráveis meios de comunicação a distância até então inventados e desenvolvidos - hoje, não pertence a ninguém e se tornou um símbolo da evolução da comunicação de nosso tempo. Não se tem controle sobre essa anárquica teia eletrônica que, de maneira incontrolável, continua a se espalhar por todo o mundo, envolvendo, já, milhões de computadores e cerca de cinqüenta milhões de pessoas.
Da mesma forma que a Internet, outros sistemas de processamento em rede estão-se desenvolvendo rapidamente, como Bitnet, Minitel etc.

NOVAS POSSIBILIDADES COM O MUNDO VIRTUAL
Não se trata apenas de uma mera renovação tecnológica. É uma mudança muito mais profunda, que envolve novas técnicas, mas também novos métodos, novos objetivos, novos conteúdos e um mundo novo, realmente virtual, que possibilitará:
1) atender à crescente demanda em todos os níveis de ensino, sem necessidade de se ampliar o número de salas de aula, de instalações, de professores e de funcionários o que, além de significar redução de custos, poderá, definitivamente, proporcionar a democratização do ensino básico;
2) suprir o problema da baixa qualificação dos professores, especialmente nas Regiões Norte e Nordeste, para as quais deve ser dada prioridade pelos programas governamentais
3) melhorar a qualidade do ensino nas escolas presenciais, com a utilização, nas aulas presenciais, de programas de educação a distância;
4) oferecer o mesmo nível de qualidade para todas as regiões do País, respeitando e valorizando características das culturas regionais;
5) otimizar os recursos disponíveis nos diversos sistemas de educação;
6) aumentar a motivação dos alunos para sua própria aprendizagem;
7) implantar, em ritmo muito mais rápido, novos métodos e técnicas de ensino;
8) desenvolver uma educação de qualidade muito superior à vigente nas escolas presenciais;
9) criar escolas virtuais;
10) libertar o estudante das paredes das escolas, facilitando o ensino e a aprendizagem no lugar e no tempo mais adequados ao aluno;
11) transformar os prédios escolares em centros de estudos e de pesquisas e em verdadeiros clubes para práticas esportivas e encontros sociais, principalmente festivos, com uma integração maior com a comunidade;
12) possibilitar ao aluno o desenvolvimento de sua capacidade para avaliar o seu próprio trabalho escolar; o desafio de verificar o seu autodesenvolvimento educativo e de se autocorrigir aumenta o prazer de aprender;
13) implantar, efetivamente, a educação permanente, com a transformação e a abertura do ensino superior, tanto de graduação quanto de pós-graduação;
14) modificar as relações entre professores e alunos, com a utilização de encontros e aulas virtuais, totalmente flexíveis, reduzindo, assim, a necessidade de encontros diários, com horário inflexível e em sala de aula, como ocorre hoje. Apesar de apresentar inegáveis qualidades, o modelo tradicional de ensino em salas de aula, com grandes turmas e muitas aulas expositivas, raros trabalhos individuais e alguns trabalhos em grupo, acaba gerando desgastes nas relações entre alunos e professores, com danosas repercussões para a aprendizagem. Eliminar as reuniões físicas forçadas, muitas vezes indesejáveis e contraprodutivas, entre alunos e professores em sala de aula, substituindo-as pela flexibilidade de encontros (físicos ou virtuais) desejáveis e programados pelas partes diretamente interessadas na evolução de seus processos de ensino-aprendizagem, será uma revolução na educação, que acabará por valorizar, efetivamente, o proveitoso e periódico encontro direto entre professores e alunos;
15) criar as condições para a implantação de projetos experimentais do que já está sendo denominado hiperaprendizagem, isto é, de processos educativos que utilizam os mais modernos recursos da multimídia e que, sem as tradicionais estruturas e hierarquias das escolas e das salas-de-aula, facilitam ao educando aprender e ensinar ao mesmo tempo, comunicando-se com o mundo (principalmente com o que há de melhor nele) e determinando, no seu próprio ritmo, a direção de sua aprendizagem e de seu desenvolvimento pessoal e profissional.
É realmente maravilhoso o novo caminho que a educação começa a percorrer. É algo incrível e extraordinário. Qualquer pessoa poderá, sem sair de sua casa, visitar os melhores museus e laboratórios do mundo e assistir a aulas teóricas e práticas, bem como teleconferências e videoconferências, nas mais diferentes partes do mundo, mediante comunicação instantânea e a qualquer hora do dia ou da noite.
Além disso, como ressalta Eric C. RICHARDSON, a Web facilitou em muito o acréscimo de componentes de áudio e vídeo às aulas eletrônicas, permitindo à educação a distância on-line dar um verdadeiro salto, e mais: "o ensino virtual pode dar mais um salto na próxima década através da VRML (Virtual Reality Modeling Language) - a versão da HTML ( Hypertext Markup Language) para a realidade virtual. A VRML permitirá que usuários naveguem em salas e espaços tridimensionais, ao invés de clicarem em telas planas de texto e imagens estáticas. Os alunos poderão visitar museus, observar experiências e participar de conferências e eventos no mundo inteiro".

ESCOLAS E UNIVERSIDADES VIRTUAIS NO BRASIL
Apesar do atraso tecnológico do Brasil, em relação aos países do primeiro mundo, temos, hoje, em janeiro de 1997, mais de um milhão de endereços eletrônicos e deveremos ter, até o início de 1998, provavelmente, o dobro, o que nos permitirá, inclusive, a criação de várias escolas e universidades virtuais. Aliás, a criação desse tipo de escolas e universidades virtuais, que muitas pessoas pensam ser uma utopia, no Rio de Janeiro e em São Paulo já começa a ser realidade utilizável. Com efeito, cerca de cinqüenta e cinco universidades brasileiras formaram um consórcio e estão estudando o tema universidade aberta e educação a distância, com base em experiências de universidades abertas como a de Milton Keynes, Londres (Inglaterra), a de Madrid (Espanha) e a de Haaven (Alemanha). Na Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade de São Paulo-USP, foi criada a "Escola do Futuro". No Rio de Janeiro, a Faculdade Carioca está implantando uma universidade virtual, cujo projeto envolve investimentos de mais de cinco milhões de dólares. O primeiro edital para seu primeiro curso de pós-graduação em informática já foi publicado em março de 1996. "Será uma democratização da informação", afirma o Diretor da Faculdade Carioca, Celso Niskier. A Universidade Federal do Rio de Janeiro também está com outra experiência de universidade virtual sendo implantada. Quem já utiliza a Internet pode fazer centenas de cursos on-line, sendo interessante ver, a respeito, os catálogos Yahoo e Lycos.
Em janeiro de 1997, o Estado do Paraná inaugurou também a sua universidade aberta, a UNIAMÉRICA ou Universidade das Américas, a qual conta com real apoio financeiro do Governo Estadual. Definindo sua linha de atuação, o Secretário de Ciência e Tecnologia e de Ensino Superior do Paraná, Alexandre Fontana BELTRÃO, salienta o seguinte:
"A UNIAMÉRICA não terá cursos formais e não irá competir com as demais. Pretende propor a discussão e a reavaliação da própria universidade brasileira, de modo a levá-la a liderar o processo de transformações, sem o que poderá envelhecer irremediavelmente. O Paraná, com cinco unidades, é o estado brasileiro com o maior número de universidades estaduais. Não seria racional mais uma. Nossa idéia não é duplicar, mas criar uma plataforma para discutir e acatar projetos de interesse das Américas, utilizando, na medida do possível, as estruturas universitárias existentes".
O Coordenador dos primeiros projetos da UNIAMÉRICA, o jornalista Alberto Dines, a define como "uma combinação dos conceitos de universidade aberta e ensino a distância, que cria uma grande oportunidade para a própria universidade brasileira se questionar e debater a sua atual crise de identidade".

PRODUÇÃO DE NOVOS SOFTWARES
No que diz respeito à produção de softwares, principalmente de softwares que possibilitem e favoreçam a participação do aluno com criatividade, no seu processo de ensino-aprendizagem, para que ele mesmo possa construir o seu conhecimento, milhares de experiências já estão sendo desenvolvidas em todo o mundo, inclusive no Brasil, como, por exemplo, o projeto EDUCOM, que teve início em 1983, na Universidade de Campinas-UNICAMP. Este trabalho pioneiro foi continuado com a criação, naquela universidade, do Núcleo de Informática Educativa-NIED. Hoje, a UNICAMP destaca-se neste campo pelo importante trabalho de sua equipe de pesquisadores da Faculdade de Educação, no Laboratório de Educação e Informática Aplicada-LEIA.
Outro trabalho pioneiro nesta área foi o da Universidade Federal do Rio Grande do Sul-UFRGS, através de seu Laboratório de Estudos Cognitivos. Ainda no Rio Grande do Sul é importante destacar-se o trabalho inovador do Colégio Positivo, de Porto Alegre.
O projeto da Universidade de São Paulo-USP de produção de softwares educativos só começou a se desenvolver efetivamente com a criação, em 1988, do Núcleo de Pesquisa de Novas Tecnologias de Comunicação Aplicada à Educação.
Em Brasília, a Fundação Educar, apesar de suas dificuldades financeiras, é um exemplo de atuação avançada da livre iniciativa na produção e disseminação de softwares educativos.
Algumas empresas multinacionais, como a IBM e a Microsoft, em convênio com instituições de ensino brasileiras, estão trazendo para o Brasil experiências que já obtiveram sucesso em outros países.

INFOTECAS
Em 1975, da cooperação entre a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e alguns sindicatos, surgiu, em Recife, uma experiência que não é bem de educação a distância, mas que merece ser aqui citada, pois é uma espécie de mini-escola ligada a uma rede de documentação no Nordeste. Foi ela denominada Serviço de Documentação e Informação Popular-SEDIPO. Dentre seu s objetivos estão a coleta, o processamento e a disseminação de informações, principalmente sobre as atividades sindicais; a oferta de cursos, treinamentos, orientações etc. Sua organização baseou-se nas experiências das Telecottages-originárias dos países nórdicos da Europa, que são mais conhecidos, no Brasil, com o nome de Infotecas, ou seja, uma espécie de biblioteca moderna, sem livros, com pequena infra-estrutura de pessoal e de material, mas com microcomputadores ligados em rede, inclusive à Internet, para tornarem disponíveis informações, cursos de educação a distância e recursos de alta tecnologia às Comunidades de menor densidade populacional.

REPENSANDO O ENSINO USANDO TELECONFERÊNCIAS
Uma das mais expressivas e eficientes experiências de utilização das novas tecnologias de informação está sendo a Rede Brasileira de Engenharia-RBE, criada e coordenada pela Fundação Carlos Alberto Vanzolini, da Universidade de São Paulo-USP, sob a égide do Programa de Desenvolvimento das Engenharias-PRODENGE, e com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos-FINEP, do Ministério da Ciência e Tecnologia, da CNPq, da CAPES e da SESu. A RBE criou um projeto chamado Engenheiro 2001 que, conforme sintetiza Pedro Luiz de Oliveira Costa Neto, Diretor-Presidente da Fundação, "é um evento multimídia destinado a debater e repensar o ensino da Engenharia no Brasil no contexto das grandes transformações tecnológicas, econômicas, políticas e sociais que marcam este final de século e definem as tendências para o próximo". Utilizando teleconferências, que já atingiram mais de trinta mil pessoas e oitenta escolas de Engenharia que já se integraram na rede, o projeto inclui também CDRoms, vídeos, revista e a Internet. O sucesso desse projeto, em 1996, inspirou a Fundação Vanzolini para criar, em 1997, outro, que já foi aprovado pela FINEP, a Rede Interativa de Educação Tecnológica para a Competitividade.

OUTRAS EXPERIÊNCIAS
Outras experiências, como as que citamos neste livro, já devem estar sendo feitas no Brasil, pois este estudo não é exaustivo. Outras mais deverão ter início em breve. Todas elas poderão, em breve, se interligar, como um gigantesco laboratório multidisciplinar integrado, com capacidade para envolver as comunidades locais, regionais, nacionais e interernacionais e para trabalhar vinte e quatro horas por dia, com comunicações ininterruptas, via satélite. Todas contribuirão para uma nova educação e para a renovação das velhas estruturas escolares, dos antigos métodos pedagógicos e das tradicionais técnicas de ensino, em todas as partes do mundo.

EDUCAÇÃO TRADICIONAL X EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Atualmente, é gigantesca a diferença entre a educação tradicional e a educação a distância. Com efeito, uma simples enumeração das principais características destes dois tipos de educação nos dão uma dimensão do abismo que está surgindo entre uma e outra. É o que comprova o quadro a seguir:







EDUCAÇÃO TRADICIONAL EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
a) Baseia-se, principalmente, no "magister dixit". O professor é a autoridade máxima dentro da sala de aula. Sua palavra é lei. Compete a ele fazer a avaliação do aluno. O resultado de suas avaliações é incontestável. a) É centrada no aluno. Se este tem dúvidas, em relação à informação de uma fonte, pode reestudá-la a qualquer momento, e procurar esclarecê-la em outras fontes. Ele é o responsável diário pela sua auto-avaliação. Cabe ao centro emissor conferir, periodicamente, ou ao final do curso, a assimilação dos conhecimentos.
b) As comunicações são limitadas e de cima para baixo, com hierarquia e disciplina rígidas, do tipo piramidal e restritas, normalmente, à sala de aula. Todo o sistema de ensino é formal e excessivamente regulamentado, dando pouca margem para inovações. b) As comunicações são ilimitadas e, principalmente, de forma lateral e intensiva, quebrando barreiras hierárquicas e fronteiras, permitindo que o ensino e a aprendizagem se desenvolvam sem maiores formalidades e utilizando a criatividade do próprio aluno.
c) Privilegia as preleções dos professores e se centra no ensino, que é responsabilidade dos professores, exigindo-se dos alunos pouca participação individual ou em grupo. c) Tem como eixo a aprendizagem. Exige maior participação e estudo individual do aluno, em cujas mãos é colocada a responsabilidade pelo seu próprio desenvolvimento, permitindo grande interação, tanto na escola, como local, nacional e até internacional.
d) Utiliza pouco material didático (lousa, giz, alguns livros, cadernos, lápis, canetas e, só mais recentemente e extradordinariamente, o computador e alguns recursos audiovisuais como retroprojetores, projetores de slides e de filmes e televisões). d) Utiliza equipamentos de última geração nas áreas de telecomunicações e informática, bem como as mais avançadas tecnologias de comunicação interativa, como as teleconferências etc.
e) Os alunos são obrigados a seguir o ritmo de ensino do professor, com aulas em horários pré-estabelecidos, nas quais a freqüência é obrigatória e o controle é feito por uma complexa, e normalmente autoritária, burocracia. e) O próprio aluno define o ritmo de sua aprendizagem, interagindo com computadores, na hora que melhor lhe convém, sem necessidade de aulas presenciais, ou segue o programa pela televisão, que o repete constantemente, e ainda tem material impresso para ler quando bem entender. Todo o aparato escolar burocrático pode ser dispensado.
f) Assenta-se na oralidade e na escrita, pouco utilizando os recursos audiovisuais, com aulas muitas vezes maçantes. f) Baseia-se no uso e na interatividade de todos os mais avançados recursos de multimídia, tornando a aprendizagem excitante e divertida.
g) Exige armazenamento, na memória de cada aluno, de dados de uma infinidade de conhecimentos, que lhes são transmitidos nas aulas e em livros. Posteriormente, exige-se a comprovação da memorização em várias avaliações. g) Valoriza mais o desenvolvimento do raciocínio lógico, a criatividade, o conhecimento de softwares e a agilidade no manuseio dos equipamentos, do que a memorização, uma vez que, bancos de dados com bilhões de informações, poderão ser acessados a qualquer momento.
O quadro acima, apesar de ressaltar aspectos negativos da educação tradicional, não quer dizer que ela não tenha aspectos altamente positivos, que foram tão úteis ao desenvolvimento da humanidade, em épocas passadas. Atualmente, ela ainda pode prestar grandes serviços à humanidade, mas depende, fundamentalmente, da competência e do esforço individual de abnegados professores e de mudanças que introduzam maior motivação para a aprendizagem.

MUDANÇA DE PARADIGMAS
Na realidade, está na hora de se mudarem paradigmas, de se aperfeiçoar o processo de ensino-aprendizagem e de se repensar a educação, diante, principalmente, dos avanços da informática.
Para tal, é importante não se confundir educação a distância - que é realizada com abertura e regimes especiais - com o simples uso de computadores e de alguns recursos de multimídia em sala-de-aula, o que seria apenas uma modernização do ensino tradicional e formal.

Fonte de extração do texto:A nova LDB: uma lei de esperança / Organizado por Candido Alberto Gomes... Brasília: Universa - UCB, 1998.
http://www.fe.unb.br/catedra/bibliovirtual/ead/educacao_a_distancia_texto_da_ldb.htm